Uma carta para o meu futuro passado.

Estou há dias querendo escrever uma carta, expor meus sentimentos, desabafar para eu mesma. Claro, isso é impossivelmente estranho, eu sei, até porque eu pensei mil vezes antes de enviar essa carta. É meio bizarro, mas acho que preciso disso, na verdade, pretendo ler daqui um ano. Enfim...
Sabe, recentemente perdi meu avô, uma das pessoas que eu era mais apegada da minha família. E, a morte dele foi/é a pior dor que eu já senti até hoje. É muito diferente de perder um amigo, um namorado, um colega. É uma dor agoniante. Ouvi muitas pessoas falarem “Ah, mas você já sabia que ele ia falecer, além dele estar na UTI, ele já é velhinho” O QUE? COMO ASSIM? Ninguém é preparada para a morte, e além de tudo, não importava se ele estava velhinho ou não, eu era muito apegada a ele, independentemente da idade. Poderia morrer uma pessoa da minha família que fosse mais jovem, e ai? As pessoas ignorantes iriam falar o que? 

Ah, aprendi muitas coisas com a morte do meu avô:
1- Nunca deixe nada para depois. Em novembro/dezembro de 2015 eu iria fazer uma tatuagem com a assinatura dele. E, sempre o avisei que no natal (natal da minha família é uma data muito esperada por nós, devido as tradições que fazemos) ele teria uma surpresa. Ocorreu um problema pessoal que deixei de fazer a tatuagem, e ele se foi, esperando a tal surpresa. Tenho esse arrependimento, e sério, ficar com arrependimento sem poder resolve-lo é HORRÍVEL!! 

2- Visite, ame, agrade, surpreenda, faça aquilo por alguém o que você gostaria que fizessem com você: independente das circunstâncias. Por exemplo, meu avô estava intubado na UTI, e eu não consegui entrar na sala por medo de ver ele assim. E, tenho certeza que ele queria que todos da minha família fosse se despedir dele. Eu me arrependo por que o meu adeus foi num caixão, e não quando ele ainda estava vivo. Ah, me incomoda muito também quando as pessoas falam "ah, mas ainda bem que não fosse, ai lembras dele fora do hospital". QUE? E a dele no caixão, não conta? E, ultimamente tenho lembrado dele mais no velório/enterro no que vivo. 

3-  Sua família são os ÚNICOS que estão passando o mesmo que você. Então, ficar com eles será a ajuda perfeita, e você será a ajuda perfeita para eles. Eu amo minha família de mais. 

4-  Você tem poucos amigos. Sim, isso mesmo. Eu sempre fui uma pessoa que tive muitos amigos, mas na hora de um luto, você não tem a maioria deles. Depois do falecimento do meu avô, vi que a decepção de um amigo, não chega nem perto da dor de uma perda de alguém especial.

5-  A morte não tem solução, apenas o tempo cura. Eu sofro, sofro muito, mas nada vai curar a dor, apenas amenizar. Eu penso no meu avô o tempo todo, e isso por um lado me acalma.


6-  Valorize as pequenas coisas. Por exemplo, eu e meu avô éramos parecidos em questão de gosto para comida. Amávamos várias coisas, comer principalmente ovo frito. Era nossa paixão! E ele ficava todo bobo quando a gente comia e se achava falando que eu era neta que mais “puxei” a ele. Um simples ovo frito, nos deixava muito feliz.
Hoje, sou uma pessoa de luto, tentando me reerguer. Não fico me lamentando não, meu avô iria odiar e, já ia começar a reinar por isso. A vida segue não é mesmo? Minha rotina continua, minha vida continua, meus gostos continuam, apenas sem uma pessoa na minha jornada (É muito triste escrever isso).

Sou uma pessoa muito realizada por ter aquele senhor como meu avô, ele me ensinou muitas coisas e hoje, eu sou o que sou, devido a ele. Tenho muito orgulho disso.
E, para eu do futuro, espero que esteja orgulhosa do seu passado (no caso os dias de hoje), da sua força, da sua garra, do seu avô. Recaídas vão existir, lembre-se disso, a vida é como uma montanha russa, e o sofrimento vem para ensinar.
Então é isso. Até daqui um ano Ray, ou qualquer outro apelido que você tenha no momento.


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